segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Fears. What´s my way?

O medo é um sentimento (?) engraçado. Acho que devo ser a pessoa mais medrosa deste mundão de meu Deus. E até hoje não sei o porquê.

Quando pequena, lembro-me bem que só entrava bem um novo ano da escola quando meus pais iam visitar um "velho", daqueles que se dizem adivinhos, e me levavam junto. Pra ver esse danado desse velho era um sacrifício. Tínhamos que sair de Conselheiro Lafaiete, em Minas, ir pra uma vilazinha cheia de mulheres com suas crianças penduradas na saia e com baldes e baldes equilibrados apenas na cabeça e homens à cavalo para lá e para cá. Para se chegar à casa desse bendito, era necessário atravessar um rio. Só que a travessia se dava por uma pinguela (sequências de tábuas sim, tábuas não) sem corrimão e só Deus sabe quantas vezes eu pedia pra chegar viva do outro lado. E o riozinho passando por debaixo... e aquela sensação aterrorizante de aquela pinguela ser infinitamente comprida, mas infinitamente necessária para eu falar com aquele velho. E o que uma menina de 11 anos seria tão preocupada em dizer praquele homem: "será que eu vou dar conta de fazer o próximo ano?" E o velho no sentido mais lógico da resposta dizia: "o véi vai pedir pra Deus te dar inteligência pra estudar e fazer o próximo ano, vai virá dôtora." Era uma besteira isso. Mas caramba, me sentia realizada com a resposta dele! Como pode? Daí hoje eu me vejo atravessando todos os dias uma pinguela cada vez maior do que aquela que eu conhecia quando criança. Fico querendo achar um alento e um poço de coragem pra enfrentar os meus medos. E sempre os enfrento de alguma forma. Durante a luta, nem sinto que eles são tão maus. Nem sinto que eu tinha medo daquilo. E quando passa, me pergunto sempre como eu consegui passar por aquilo. E fico nessa onda... de medo de mudança, medo de gastar, medo de mudar o corpo, medo de encarar outra carreira, medo de sair do emprego, medo de enfrentar uma tristeza qualquer, medo de não conseguir ajudar, medo de conseguir demais e não saber no que isso vai dar, medo do escuro, medo do distante, medo de seguir, medo de acomodar, medo de me abrir, medo de me mostrar, medo de me apagar, medo de ter medo. E o que fazer quando alguém que se ama muito tem um medo não identificado, um medo que já foi medo e hoje em dia é revolta? Medo de dar a volta por cima, medo de ser outra pessoa, medo de amar de novo, medo de sair do jogo, medo de ser alguém... medo de viver? O que fazer quando o medo não se faz medo pra alguém e mesmo assim impede esse alguém de lutar? Vai saber. É uma situação complicada e que infelizmente, dá medo.

Vai saber o motivo desse papo de hoje. Vai que é porque estou com expectativas demais de ver minha vida mudar e querer que isso mude logo. Is this a fear?

Foto: Cidade de Além Paraíba-MG, trilho do trem que passa na rua / Outubro-08

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